quinta-feira, maio 23, 2013

De sono e coisa nenhuma

E então naquela sonolência muda ele resolveu-se. Quis resolver a vida em um instante. Quis esperar. Quis pôr tudo em ordem sem espera. Quis acordar enfim. Ele sacudiu-se. Esfregou aqueles olhos tão fora de compasso. Quis deter naquele momento a surdez de sua pele. A dormência de seus traços. Estremeceu sem surpresa. Não hesitou. Tentou mover-se, e quis estar calado. Naquele instante de súbito tremor. De estranho despertar dos caminhos de suas dúvidas de tudo e coisa nenhuma. Do estranho despertar de si mesmo tão embriagado de sono. E cada pêlo em seu corpo ergueu-se numa eletricidade sem fim.