domingo, setembro 02, 2012

Na voz da morte a me bradar

Vemos que no peito palpita uma incerteza muda, e também nos olhos vemos palpitar
espasmos de uma incerteza dormente. Sob as pálpebras insalubres sentimos a aridez de
uma cólera rija. Sentimos no corpo frio a ardente quietude ricochetear de uma têmpora a
outra. Docemente, a neblina fina penetra os pulmões. Docemente o solo frio torna sua
pele convalescente. Sob cabelos, fêmures e vozes em sublimação concebe-nos uma
arritmia muda. Sob as pálpebras áridas em derradeiro uníssono adormecemos. Em
minha vigília há de latejar seu epitáfio.

Mayara Roman
23/03/2011