Porque nada naquela tarde fazia sentido. Nada a fazia manter um foco, um ponto fixo - guardar sua lucidez. Ela pensou em abrir as janelas. Pensou em ir à geladeira, água fresca, ficar olhando para os produtos em prateleiras de vidro, iluminados pela luz amarelada. Poderia sair um pouco do quarto à penumbra, poderia ter acendido a luz - ao menos um abajur, ao menos retirar-se do julgo da natureza. Das sombras em seus horários demarcados. Daquela brisa que, ao entrar pela fresta da janela já não era tão fria, mas a fazia querer cobrir-se ali mesmo, vestida, hesitante, atônita.