Acordava em seu quarto ainda por se iluminar do dia. Seus olhos pareciam arder - mas arder é outra coisa, seus olhos ainda estavam pequenos demais na urgência da madrugada. O sonho se arrastava em seus ombros, soprava seus calcanhares. A escuridão nunca fora tão colorida - brilhava no espelho um estranho. No banheiro iluminado pelo abajur do quarto havia a imagem que transgredia o sonho. E em sua nudez errante voltou então ao carrossel dos corcéis sem face e sem matéria. E saiu andando pelo quarto. A ponta dos pés mal tocando o assoalho. Seus olhos agora ardentes fechados em seu sorriso mudo. E havia música, e porque havia musica ele dançava.