quinta-feira, julho 25, 2013

Aurora

O chão era frio. Como antes fora. O chão era frio e seus olhos ardiam no céu negro em que cintilavam tons de azul e de tudo o que era real. E de coisa nenhuma. E as mãos que lhe tocavam o rosto de tempos em tempos eram também reais, e ainda tangíveis se enterravam em seus cabelos. E a grama fria tornava-se mais cálida. E os cabelos que mal tocavam seu corpo que errava deitado no mesmo lugar eram frios e reais. Eram fios castanhos que tornariam-se úmidos de orvalho. Eram longos fios castanhos que moviam-se cerrados no azul que de negro tornava-se pálido e cinzento. E pálidos e embriagados de todas as cores adormeciam na grama úmida, sob tudo o que não era real.