A janela do quarto, em seu vidro emoldurado, era só espera, era só um talvez permanente - uma serenidade inquietante. A madrugada, ao suspender o tempo e a ação, é a hora mais concreta. E do lado de lá da janela era também a hora mais fria e mais escura, e então a imagem não mais emoldurada ardia em seus pulmões, penetrando-lhes a cada piscar ritmado de olhos, e seu rosto contorcia-se em um sorriso infantil e clandestino. E sabia que desceria ao chão, os olhos fixos na parede, de joelhos diante de - diante de algo ou alguém que ela não ousaria evocar, mas esperava desconcertada. Sim, havia histórias, havia rumores. Ponderando sobre elas, sabia que nada havia de mais concreto que a neblina - a neblina de lá de fora, e ela imaginava como seria se estivesse em seus pulmões.