quarta-feira, dezembro 03, 2014

Eu fico aqui hoje

Em seus olhos havia muito sal. Na pele havia pouca dúvida, seus cabelos quentes pelo sol pendiam frouxos sobre os ombros. Sobre o nariz uma linha alaranjada. Sobre a linha poucas sardas. O pescoço para trás e o riso muito alto e muito perto. Sua pele quente sobre os lençóis tão frescos, a manhã tão clara. A janela de repente tão pessoal, de repente um mundo enquadrado, e eu sei que o que resta é a a lembrança dessa janela, é a visão de um instante tão comum, das árvores que se igualam a teu quarto em altura, dos pássaros que nelas habitam ou apenas pousam se anunciando, da vida pulsante e adormecida nas janelas logo em frente, o que fica são estes meus fios castanhos que tocam o assoalho - o teto tão vasto, a cabeça além do colchão e o ar tão fresco.